O Ba-Vi, a bala de prata e a Besta de Gévaudan
A Coluna do Blog do Vila desta quinta-feira (6) fala da estratégia governista em fomentar a manutenção da candidatura de Kléber Rosa (PSOL) e outros bastidores da política baiana
Por Evilásio Júnior
07/03/2024 às 06:00
Atualizado em 09/10/2024 às 19:26
Foto: Adriel Francisco / Divulgação
A maioria dos aliados do governador Jerônimo Rodrigues (PT) ouvidos pelo Blog do Vila, do Portal Salvador FM, não quer nem saber de Ba-Vi na eleição de Salvador este ano. Com a provável retirada do Novo da corrida ao Palácio Thomé de Souza, os apoiadores da candidatura de Geraldo Júnior (MDB) endossam a necessidade de manter Kléber Rosa (PSOL) na peleja. Apenas um citou que as conversas para ampliar a coalizão já teriam sido iniciadas. Na tese contrária à disputa entre Estado e Município, o cálculo é simples: estrategicamente a manutenção do historiador é boa para os planos de segundo turno, desde que ele não cresça o suficiente para ameaçar o emedebista. Em relação aos debates, mesmo sem combinar, a esquerda raiz é capaz de adentrar em assuntos espinhosos – não são poucos – dos quais o vice-governador também é sensível. Um petista chegou a afirmar que a polêmica sobre a declaração racial de ACM Neto no pleito de 2022 se deveu ao PSOL: "Esse negócio de Bahia e Vitória não dá certo. Não fosse Kléber [também concorrente ao governo na última eleição] hoje Jerônimo não era governador. O PSOL é a bala de prata contra Bruno Reis". Pelo sim, pelo não, informações chegadas ao blog dão conta de que Jerônimo já mandou segurar os poucos cargos que os pessolistas ainda possuem no Estado após a entrega das diretorias do Centro de Memória e do Arquivo Público.
Chegada do Novo anima base, pero no mucho
Se do lado oriental a união governista não anima, no ocidental a saída do Novo em prol da "candidatura única dos partidos de direita", como afirmou a quase ex-candidata Luciana Buck, é vista de forma positiva. A maioria dos vereadores da base do prefeito Bruno Reis diz acreditar que, com a chegada de mais uma sigla aliada, a divisão será mais equilibrada e as condições dos postulantes da proporcional serão melhoradas. Até porque, na avaliação dos edis, a legenda é "leve" e desprovida de rejeição. No entanto, dois relatos chamam à atenção para o comprometimento da "rabada no União Brasil" e dos partidos com pretensões menos ousadas após a chegada das legendas vitaminadas pelo Thomé de Souza. O argumento é de que "Bruno arrumou problema para ele mesmo na proporcional" e agora vai ter que "se virar" para atender aos partidos.
Boicote a eventos do governo e 'afago' em Bruno
Dentro da interminável lista de reclamações à demora de Geraldo Júnior colocar o bloco na rua, um integrante da oposição municipal já esfalfado admitiu que, em sua opinião, a candidatura do vice-governador não vai emplacar por dois motivos. O primeiro seria porque a "vagareza" nas definições de vice e da coordenação da campanha não tem empolgado os militantes e muito menos convencido a esquerda tradicional. O segundo é o atendimento. Diz ele que, enquanto o prefeito atende às demandas dos aliados, até hoje o governador Jerônimo Rodrigues não se reuniu com os vereadores para "dizer o que cada um vai ter direito": "Assim fica difícil bater em Bruno Reis". A resposta é o boicote aos eventos promovidos pelo Palácio de Ondina que, efetivamente, têm sido pouco prestigiados por edis.
Verde criptonita
O PV não está nem um pouco incomodado com a proporção calculada pelo PT, que destinaria no máximo oito vagas para candidaturas verdes na chapa proporcional da federação. O problema é a pressão sobre o único vereador de mandato pela agremiação em Salvador. Na sede do Rio Vermelho os comentários são de que, caso André Fraga seja obrigado a sair da legenda, a sigla não fará qualquer esforço para colocar candidaturas competitivas que alavanquem o coeficiente eleitoral do grupo. Pelo contrário, vai trabalhar como criptonita para implodir a federação.
Federação ou Vale da Muriçoca?
Por falar em federação, o time PSDB-Cidadania terá uma composição no mínimo inusitada. Dos 44 candidatos na proporcional, hoje, apenas dois estão confirmados para sair com a legenda 23 – os presidentes estadual, Isabela Sousa, e municipal, Lourival Evangelista. Por quê? Simples: enquanto o ninho tucano está inchado, inclusive com espantalhos, com a mudança de lado e possível saída de Joceval Rodrigues para o MDB, o Cidadania só tem uma prioridade: eleger Isabela.
PL esvaziado
Com a abertura da janela partidária, o PL perderá os dois únicos vereadores que possui na Câmara, Isnard Araújo e Alexandre Aleluia, ao que tudo indica, para PRD e PP, respectivamente. A pergunta que fica é: Bruno Reis irá ajudar os liberais a formar a chapa proporcional como se comprometeu com PRD, DC e Novo? Aparecer na foto ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro, o prefeito dispensa, vide a oportuna agenda fora da cidade em meio às homenagens da Assembleia a Michelle e estada do casal na capital baiana.
Olívia reaparece com Jerônimo e Geraldo
Após evidenciar a insatisfação com o processo de escolha do Conselho Político que a alijou da disputa pelo Palácio Thomé de Souza, a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) voltou a aparecer na linha de frente nos eventos recentes com o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e seu vice Geraldo Júnior (MDB) em Salvador. No entanto, seus próprios correligionários de Câmara não estão muito crédulos de que o nome da parlamentar retornou à pauta da discussão sobre a campanha majoritária. "Olívia é um grande quadro da política aqui da Bahia. Esse debate sobre ela ser vice não voltou à tona, até porque já houve uma decisão, da parte dela, que nós respeitamos", disse Augusto Vasconcelos. Já Hélio Ferreira, à la Pelé, largou essa: "Até o nome de Hélio Ferreira também foi cogitado para compor a chapa". Na real, o tratamento dado pelos governistas à candidatura de Fabrício Falcão ao Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM-BA) mostrou o atual nível de moral dos comunistas no Palácio de Ondina.
Escárnio petista no TCM
E "para não dizer que não falei das flores", como diria o músico paraibano Geraldo Vandré, a eleição do novo conselheiro do TCM-BA foi um verdadeiro esculacho. Por mais antipática à base do governador Jerônimo Rodrigues que fosse a candidatura do ex-presidente da Assembleia Legislativa e ex-aliado de primeira hora do próprio PT, Marcelo Nilo, escolher mais um petista para a Corte é um escárnio. Nada contra a pessoa do deputado estadual Paulo Rangel e muito menos dos demais petistas que lá estão – o ex-parlamentar federal Nelson Pelegrino, a ex-primeira-dama Aline Peixoto e o auditor Roberto Sant'Anna. A crítica também não se resume ao descaso ao nome de Fabrício Falcão, que ampliou o descontentamento do PCdoB na coalizão e gerou protesto com a ausência dos seus quatro representantes na votação – o próprio excluído, além de Bobô, Olívia Santana e Zó. Mas será que não havia algum "companheiro" competente para a tarefa, desprovido de carteirinha de filiação? Se fosse do lado de lá...