A maioria dos integrantes da bancada de governo na Câmara Municipal de Salvador está na bronca com o prefeito Bruno Reis (União Brasil). A grita geral é a de que o gestor não tem cumprido as promessas de campanha e sequer atendido às demandas dos legisladores da base ou aberto espaço em sua agenda para conversar com os aliados. Obras solicitadas pelos edis, a exemplo de escadarias e campos de futebol – mesmo as já iniciadas –, simplesmente pararam, sem qualquer justificativa oficial. Muitos se queixam de que o gestor não os recebe desde antes da eleição, apesar da frequente participação dos vereadores nos eventos da prefeitura. Para piorar, novatos como Sandro Filho (PP), Marcelo Guimarães Filho (UB) e até a opositora Eliete Paraguassu (PSOL) já tiveram audiência com Bruno. Veteranos mais otimistas apostam que as conversas serão retomadas a partir da próxima semana.

Carreira x Victer

Vereadores insatisfeitos com o "travamento" informaram ao Blog do Vila que Bruno Reis estaria "impaciente" com a situação e levantaram algumas hipóteses. Uma delas dá conta de que as empreiteiras paralisaram as obras por falta de pagamento da prefeitura, que teria perdido o controle das dívidas contraídas durante a campanha eleitoral do ano passado. Outra tese vai além. Conforme os edis, o ponto nevrálgico do problema está na inexistente relação entre os titulares da Casa Civil, Luiz Carreira, e da Fazenda, Giovanna Victer. De acordo com os relatos, os secretários não se falam e não se entendem. O motivo é inusitado: enquanto Carreira queria a contenção dos gastos para evitar o derrame desenfreado, Giovanna, apesar de ser a controladora da torneira, incentivou e autorizou o vazamento. Assim, uma das medidas adotadas pela Sefaz logo após a eleição, como forma de reabastecer os cofres municipais, foi o envio do impopular projeto de aumento do ISS para as clínicas soteropolitanas. Com o aval do Legislativo, o tributo passou de 2% para 3%, apesar da promessa do prefeito de que não aumentaria impostos. A lei foi sancionada ainda em outubro e, como o resultado não é imediato, há quem aposte no cenário de que não haverá obras indicadas por vereadores executadas este ano.

Eliete com moral

Recebida pelo prefeito em seu gabinete no Palácio Thomé de Souza na última segunda-feira (17), a vereadora Eliete Paraguassu discutiu com Bruno uma suposta agressão sofrida por funcionários municipais na Ilha de Maré, sua base de atuação. Além disso, debateu medidas para mitigar a contaminação na Baía de Todos-os-Santos. Na oportunidade, ela ainda apresentou um projeto de indicação para a criação de uma casa de acolhimento às mulheres moradoras das ilhas da capital baiana.

Sidninho pede tête-à-tête

Insatisfeito com o PP, o vereador Sidninho é outro que aguarda um diálogo, mas com o presidente municipal do seu partido, o secretário de Governo da prefeitura, Cacá Leão. A ideia do edil é ter uma conversa "tête-à-tête" com o dirigente e expor os motivos pelos quais se diz desassistido pela legenda. O Blog do Vila apurou que a declaração de Bruno Reis de que "se não fosse Cacá", o aliado "não teria nem partido" inflamou ainda mais os brios de Sidninho. O vereador aguarda orientação do seu líder político, o chefe do Legislativo soteropolitano, Carlos Muniz (PSDB), para trocar de sigla na próxima janela eleitoral, em 2026.

PDDU vem? Oposição se organiza

Projeto mais importante a ser discutido na Câmara este ano, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) ainda não chegou à Casa. Aliados do prefeito ouvidos pelo Blog do Vila apostam que, dado o clima da relação entre o Palácio Thomé de Souza e a vereança, a matéria ainda não será enviada neste primeiro semestre. Enquanto isso, do outro lado, a oposição já mobiliza a militância e afina a estratégia para o embate. Na manhã da última quarta-feira (19), inclusive, a bancada se reuniu no Bahia Center para discutir os pontos principais a serem debatidos, a fim de evitar que o novo PDDU permita a devastação do restante de verde existente na cidade.

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