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Cris Correia critica reducionismo no debate sobre mulheres nas chapas: 'Nosso lugar não é só na vice'

Cris Correia critica reducionismo no debate sobre mulheres nas chapas: 'Nosso lugar não é só na vice'

"Para se montar uma chapa majoritária você só tem que ter um homem e uma mulher? É dessa forma que a gente vai reparar esse processo de discriminação de gênero? Eu não acredito que seja. Nós temos tantas mulheres qualificadas para ocupar o espaço de candidata a prefeita", afirmou a vereadora e presidente municipal do PSDB

Por Evilásio Júnior

18/04/2024 às 06:00

Atualizado em 18/04/2024 às 06:00

Foto: Reprodução / YouTube

Presidente municipal do PSDB, a vereadora Cris Correia criticou, em entrevista ao programa Fora do Plenário, da Rádio Salvador FM, nesta quarta-feira (17), o reducionismo no debate sobre a necessidade de as mulheres ocuparem o posto de vice nas chapas que concorrem à prefeitura da capital baiana.

A única postulante ao Palácio Thomé de Souza, Luciana Buck (Novo), desistiu de concorrer na semana passada para anunciar apoio ao prefeito e pré-candidato à reeleição Bruno Reis (União Brasil). Apesar de a atual vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT) ser a favorita a se manter no posto, há a possibilidade de ser substituída nesta eleição pelo seu correligionário e deputado federal Leo Prates. No campo da oposição, Mira Alves será a companhia de Kléber Rosa (PSOL), no entanto Geraldo Júnior (MDB) poderá lançar uma chapa 100% masculina, ao lado de Moisés Rocha (PT) ou Sílvio Humberto (PSB).

Embora negue haver um esvaziamento do protagonismo feminino na disputa este ano, em função de uma conquista "gradativa" de espaço por elas, a dirigente tucana admitiu que o cenário "está muito longe do ideal".

"Eu acho que tudo na vida é conquista e é um resultado de um processo construtivo, mas eu náo acho que as coisas têm que ser rígidas. Para se montar uma chapa majoritária você só tem que ter um homem e uma mulher? Tem que ser assim? É dessa forma que a gente vai reparar esse processo de discriminação de gênero? Eu não acredito que seja. Aí você vai me dizer: 'mas nós temos tantas mulheres qualificadas para ocupar esse espaço de vice'. Aí eu vou dizer mais: nós temos tantas mulheres qualificadas para ocupar o espaço de candidata a prefeita. Ou seja, o nosso lugar não é só na vice. O fato de a gente ter uma chapa que seja constituída por um candidato a prefeito do gênero masculino e um candidato a vice-prefeito do gênero masculino não significa dizer, pelo menos ao meu ver, que está havendo um esvaziamento. Até porque, eu repito, nós temos mulheres qualificadas para ser candidata a prefeita, a governadora e a presidente. Não dá para ser sempre dois homens, mas também não apoio essa concepção de que, se tem um homem tem que ter uma mulher como vice, senão a gente não vai inverter essa lógica nunca, porque fica no senso comum que a mulher só pode ser vice. Não é por aí", afirmou a legisladora, ao revelar que "na política, o preconceito de gênero e o racismo triplicam".

Cris ainda comentou que, de uma forma geral, a questão da violência na cidade, que impede os vereadores de visitar muitas comunidades, será um grande desafio durante a campanha.

"É triste a gente ter que viver isso. É um problema muito sério que, infelizmente, o governo do Estado ainda não deu conta. A questão da violência não é um problema só de Salvador. É um problema da Bahia. Um problema grave, um problema sério que vem apenas crescendo assustadoramente. Já passou da hora do governo do Estado agir. Não adianta só ficar dizendo que tem o controle, que faz e vai fazer porque os resultados não aparecem. Jamais a gente vai resolver o problema da segurança pública, ou melhor, da insegurança pública que nós vivemos, unilateralmente. Ou a gente dá as mãos para resolver isso ou a situação pode se tornar ainda pior", avaliou.

Sobre o seu partido, Cris Correia disse que "o clima está ótimo" com a manutenção dos seus atuais quatro representantes na Câmara – além dela, o presidente da Casa, Carlos Muniz, Daniel Alves e Téo Senna –, apesar do "inchaço" sofrido durante a janela partidária. Vereadores de mandato, como Alexandre Aleluia (PL) e Sidninho (PP), foram barrados de ingressar, mas nomes com potencial eleitoral, a exemplo de Rodrigo Amaral, Humberto Sturaro, Dudu Magalhães, Tia Jove, Carol dos Animais e Patruska Barreiro, serão postulantes com a legenda 45.

"Essa movimentação é totalmente normal. Como a gente costuma dizer: é do jogo e está tudo certo. O que foi acordado entre nós que fazemos parte da bancada foi cumprido. Qual era a premissa? Para entrar qualquer outro vereador de mandato tem que sair algum. Ninguém saiu, entáo ficamos todos e isso foi respeitado. Eu acho isso extremamente importante e não tenho dúvida de que isso deixa o partido em um clima pacífico e animador", salientou.

Nas contas da vereadora, a bancada tucana em 2025 poderá ter cinco ou até mesmo seis integrantes.