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Laina revela que união de vereadoras contra Átila motivou retomada de conversas para formar bancada feminina na Câmara
Laina revela que união de vereadoras contra Átila motivou retomada de conversas para formar bancada feminina na Câmara
"Todas nós, nesse processo de dor, da dororidade, entendemos a importância de a gente se juntar de novo", disse vereadora do PSOL, que confirmou ainda que a "mandata coletiva" Pretas por Salvador sairá de trio para dupla com Cleide Coutinho na eleição deste ano; Gleide Davis tentará vaga de forma individual
Por Evilásio Júnior
27/06/2024 às 06:00
Atualizado em 27/06/2024 às 06:00
Foto: Reprodução / YouTube
Protagonista da sessão mais acalorada do primeiro semestre no Legislativo soteropolitano, a vereadora Laina Crisóstomo (PSOL) revelou que a discussão com Átila do Congo (PMB) motivou as mulheres da Casa a retomarem as conversas para mais uma tentativa de formar uma bancada feminina na Câmara Municipal. Este ano, a proposta foi arquivada antes mesmo de ir a plenário.
Na última quarta-feira (19), sete das oito integrantes da CMS – exceto Cátia Rodrigues (União Brasil) – se uniram contra um discurso avaliado por elas como misógino do representante do Partido da Mulher Brasileira. Em crítica à reclamação de Laina sobre a interrupção de sua fala por Paulo Magalhães Júnior (UB), Átila a acusou de querer "mídia em ano eleitoral" e protestou contra supostos "excessos" da Justiça, que condenaria "pais de família inocentes", em função da "irresponsabilidade" de mulheres que "fazem acusações falsas nas delegacias".
Em entrevista ao programa Fora do Plenário, da Rádio Salvador FM, a socialista usou como referência um livro "Dororidade", da escritora carioca Vilma Piedade, para explicar o que, em sua opinião, uniu vereadoras de oposição e governo.
"A sororidade vem do italiano 'sorella', que significa irmã. Ela [Vilma] é uma mulher preta que faz um debate muito mais denso, mais forte e mais profundo, no sentido de dizer 'não é só irmandade que nos conecta, mas é a dor'. A dor e a violência nos conectam. Nós, mulheres, queremos ocupar a política a partir de outra forma, pensando de fato como é que a gente garante direitos para as pessoas. Todas nós, nesse processo de dor, da dororidade, entendemos a importância de a gente se juntar de novo", comparou.
Apesar de o tema vir agora à tona, Laina pontuou que a primeira ideia de compor o grupo surgiu logo no dia da posse, em uma conversa sobre a dificuldade que as edis enfrentaram no pleito de 2020: "Fazer campanha em meio à pandemia, com filhos, foi muito difícil. Todas elas narram isso. Então, foi algo que mulheres de esquerda e mulheres de direita perceberam o quanto o espaço da política é difícil para as mulheres".
De acordo com a vereadora, a expectativa é de que uma reunião com o presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB), seja realizada no próximo mês, durante o recesso, para que a formalização da bancada esteja madura para ser votada no retorno dos trabalhos, em 5 de agosto.
"Hoje [nesta quarta, 26], nós conversamos sobre os caminhos de retomada da bancada feminina e Ireuda [Silva, Republicanos] veio com a ideia de marcar uma reunião. Vamos pensar em uma estratégia para ver como é que a gente combate cada vez mais a violência de gênero na Câmara", declarou.
Integrante do primeiro mandato coletivo da história da capital baiana, ao lado de Cleide Coutinho e Gleide Davis, Laina Crisóstomo ainda confirmou que as Pretas por Salvador deixarão de ser trio e passarão para dupla na eleição deste ano.
"Carreira-solo, não. A gente acredita no mandato coletivo. A gente sai no mandato coletivo, dessa vez, eu e Cleide. Provavelmente, Gleide vai sair para uma candidatura individual, mas eu e Cleide vamos sair para um mandato coletivo, porque a gente acredita na política que a gente quer defender, das mulheres pretas. As experiências dos mandatos coletivos vêm dos movimentos sociais, vêm desse espaço, que são as lutas coletivas, decisões coletivas e também pautar a política de forma coletiva. Então, as pretas continuam", avisou.
Confira a entrevista na íntegra: