André Fraga vê de 'forma positiva' debate ambiental na pré-campanha, mas adverte: 'Não pode ser só discurso'

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Único integrante do Partido Verde na Câmara Municipal de Salvador, o vereador André Fraga classificou como "positivo" o fato de o debate ambiental permear o discurso dos pré-candidatos a prefeito, sobretudo após a "mudança" de perfil apresentada pelo vice-governador Geraldo Júnior (MDB). 

Embora pregasse na última propaganda partidária emedebista – suspensa pela Justiça Eleitoral – que a cidade pode ser "mais sustentável e preservar suas áreas verdes para garantir mais qualidade de vida à população", enquanto presidente do Legislativo soteropolitano a prática foi inversa. Então parceiro do ex-prefeito ACM Neto e do atual Bruno Reis, ambos do União Brasil, Geraldo liderou o processo de desafetações de áreas verdes e alterações em leis para permitir a exploração imobiliária até mesmo em áreas de proteção ambiental. Exemplo disso foi um projeto enviado com apenas um artigo pelo Executivo, em 2020, em que ele inseriu 33 dispositivos, dos quais 14 acabaram vetados pelo Palácio Thomé de Souza justamente por ameaçar o meio-ambiente da capital baiana. 

"Esse debate da questão ambiental ganhar destaque, para mim, é muito importante. Eu vejo de forma positiva para a sociedade. Eu estou no Partido Verde desde os 19 anos e nunca vi esse tema ganhar de fato a relevância que deveria ter ganhado ao longo desses 20 anos. Eu só espero que as questões sejam discutidas de forma leal e correta, com dados e informações, no debate eleitoral", afirmou o representante do PV, ao pontuar que, no momento, só está "preocupado em ser vereador" e que vai "esperar o período das convenções" para tratar de eleições.

Sobre o fato de o presidente do PV na Bahia, Ivanilson Gomes, ter sido convidado a coordenar a equipe de programa de governo do postulante aliado do governador Jerônimo Rodrigues, Fraga afirmou que a contribuição de sua legenda não significa o seu alinhamento automático. Apesar de integrar uma sigla que compõe a federação ao lado de PT e PCdoB, o vereador foi secretário municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência durante a gestão de Neto e se mantém aliado de Bruno.

"A questão não é mudar ou ficar no lado A ou B. O meu lado é o do meio-ambiente, o lado da cidade. Alguns programas que eu apresentei, algumas ideias e sugestões, foram acatados e implementados pelo prefeito Bruno Reis, e eu acredito nisso. Então, se o programa de governo de qualquer candidatura trouxer ganhos, compromissos e ideias para a cidade, sem dúvida nenhuma eu estarei defendendo também, mas eu acredito muito que isso precisa estar no colo de todo mundo. No discurso está, mas a gente precisa olhar na prática. Não pode ser só discurso, não pode ser só debate, não pode ser só ideia. Tem que ter entrega. Eu gosto muito de uma frase do apóstolo Tiago, que diz o seguinte: 'A fé sem obras é vã'. Eu quero muito que a questão ambiental esteja em todos os programas de governo. Se possível, que seja a linha mestra", pontuou André.

Autor da lei que autoriza a distribuição gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de medicamentos à base de Cannabis em Salvador, o edil pontuou que a medida está na "fase de regulamentação" e atribuiu o preconceito à história. Segundo ele, "o fumo de Angola", como era chamado, foi marginalizado na época da abolição da escravidão, que culminou na proibição de culturas como o candomblé e a capoeira.

"Na prática, a maconha veio para o Brasil por meio dos negros escravizados da África. Essa maconha era utilizada em vários rituais. [...] Quando foi proibida foi no sentido de se fazer um controle social de uma população. O Brasil, inclusive, foi o primeiro país do mundo a proibir. Isso tudo é a raiz do preconceito que a gente vive até hoje", declarou André Fraga.

Confira a entrevista na íntegra: