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'No Brasil tem três coisas que são realmente brasileiras: jabuticaba, cachaça e o jogo do bicho', diz Bacelar

'No Brasil tem três coisas que são realmente brasileiras: jabuticaba, cachaça e o jogo do bicho', diz Bacelar

Vice-líder do governo na Câmara dos Deputados também afirmou que a PEC das Drogas é "eivada de vícios e erros": "Primeiro que droga não é questão de polícia, nem questão individual. Droga é uma questão de justiça social, de saúde e de acompanhamento. Segundo que a política antidrogas adotada no Brasil é baseada na política antidrogas americana do século passado. E no que é que essa política antidrogas resultou? Nos Estados Unidos, uma tragédia, e, no Brasil, no encarceramento de 800 mil pessoas"

Por Evilásio Júnior

26/06/2024 às 06:00

Atualizado em 26/06/2024 às 06:00

Foto: Evilásio Júnior

Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa dos Jogos, o deputado federal Bacelar (PV-BA) advogou em favor da liberação de cassinos, bingos e similares no país, sob o argumento de que "o jogo é intrínseco ao ser humano". Na última quarta-feira (19), o projeto de lei que legaliza a modalidade foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e a expectativa é a de que a votação em plenário seja realizada após o recesso parlamentar.

Na avaliação do congressista baiano, o jogo do bicho é um "patrimônio cultural do Brasil" e "o mais inocente dos jogos de azar". "O poder público brasileiro é o maior bancador do jogo. Quantas e quantas loterias nós temos no Brasil? [...] Na verdade, o jogo no Brasil é permitido para o Estado, mas é proibido para a iniciativa privada. [...] Se o jogo do bicho for legalizado amanhã, dentro de um mês nós teremos na Previdência Social brasileira 400 mil empregados de carteira assinada, coisa que nenhuma empresa no Brasil teria esse poder. [...] No Brasil tem três coisas que são realmente brasileiras: jabuticaba, cachaça e o jogo do bicho", afirmou o vice-líder do governo Lula na Câmara, em entrevista ao programa Fora do Plenário, da Rádio Salvador FM, ao estimar uma arrecadação anual de impostos de R$ 20 bilhões para o Estado brasileiro.

Outra votação polêmica esperada para o segundo semestre na Casa é a da chamada PEC das Drogas. Para Bacelar, a matéria reflete uma "briga do Legislativo com o Supremo Tribunal Federal (STF)", que acabou de descriminalizar o porte de maconha para os usuários. 

"É uma Proposta de Emenda à Constituição eivada de vícios e erros de todas as maneiras. Primeiro que droga não é questão de polícia, nem questão individual. Droga é uma questão de justiça social, de saúde e de acompanhamento. Segundo que a política antidrogas adotada no Brasil é baseada na política antidrogas americana do século passado. E no que é que essa política antidrogas resultou? Nos Estados Unidos, uma tragédia, e, no Brasil, no encarceramento de 800 mil pessoas. [...] Eu vou dar um exemplo do Estado de São Paulo, que no ano passado prendeu 31 mil jovens por porte de maconha. Nenhum branco, só os negros", exemplificou, ao opinar que a questão é "um problema complexo, que não é ideologicamente que vai se resolver".

Na análise do deputado, outro aspecto que não tem sido debatido é o econômico, a exemplo da produção de cannabis medicinal e cânhamo para a alta indústria. Segundo ele, caso seja aprovada, a PEC vai "transformar a Constituição em algo repressor" para atender aos interesses de líderes religiosos, "lacradores da internet" e a um "conservadorismo retrógrado que chega às raias da idade média". "O Brasil precisa mudar o seu padrão de voto ou nós estamos caminhando para uma crise de proporções inimagináveis. Eu não quero ser alarmante, mas estou muito preocupado com o Brasil. Nós estamos em uma séria crise política, institucional, social e econômica, que eu não sei onde podemos chegar com isso", criticou. 

Ex-presidente do Podemos na Bahia, partido comandado na capital pelo seu filho, João Cláudio, Bacelar confirmou ainda que será candidato à reeleição em 2026, mas muito possivelmente não retornará à sua antiga sigla: "Eu estou muito bem no Partido Verde, que é um partido necessário, que cuida das causas mais importantes da sociedade. [...] Acredito que sim [permanecerá no PV]".

Confira a entrevista na íntegra: