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O velho, o moço e o Novo

O velho, o moço e o Novo

Na Coluna do Blog do Vila desta quinta-feira (20), confira as especulações sobre a suposta desistência de Geraldinho e o que há por trás do fato, além dos bastidores da política soteropolitana

Por Evilásio Júnior

21/03/2024 às 06:00

Atualizado em 09/10/2024 às 19:25

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Uma especulação para lá de inimaginável circulou esta semana entre legisladores da Câmara de Salvador e da Assembleia Legislativa da Bahia. Embora em on ninguém confirme, em off muitos falam em uma suposta desistência de Geraldo Júnior (MDB) da disputa pelo Palácio Thomé de Souza. A tese, ou teoria da conspiração, dá conta de que o senador Jaques Wagner (PT) seria anunciado candidato a prefeito antes das convenções partidárias. A medida seria uma forma de colocar na campanha um nome testado e aprovado, que teria muito mais viabilidade política e eleitoral para unir as militâncias dos partidos que integram a base estadual e vencer o atual prefeito Bruno Reis (União Brasil). Dentro da mesma tese, há quem diga que o nome na verdade seria o da esposa dele, Fátima Mendonça, que já foi ventilada como possível vice. Ainda há algumas escassas apostas no ex-governador e atual ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa – algo tão surreal que seria digno de uma película de Luís Buñuel. Efetivamente, a unidade no grupo está muito distante de ser conquistada.
 

Eles gostam do estrago
 

Fontes ouvidas pelo Blog do Vila, do Portal Salvador FM, afirmam, no entanto, que a informação sobre a suposta desistência de Geraldinho não passa de insatisfação de aliados que seguem a reclamar do "sumiço" do emedebista e tentam "plantar" a sua derrocada. "Não está nem aí para Salvador, mas estava no lançamento de candidato do Avante em Lauro de Freitas", disse um, bastante indignado com a indefinição. "Bruno está aí chamando Jerônimo para briga porque Geraldo não está brigando", protestou outro, ao citar a troca de farpas do prefeito e do governador no debate sobre a Educação. O fato é que Wagner, assim como Jerônimo, está pessoalmente empenhado em ampliar a bancada de vereadores petistas na Casa. A meta real da Federação com o PCdoB e o PV é eleger dez, fora o "estranho no ninho" André Fraga. "Mas se Wagner fosse mesmo o candidato, aí sim a gente entrava para ganhar a eleição", suspirou um correligionário do "cabeça branca".
 

Noção do incômodo
 

Um aliado bastante próximo ao vice-governador justificou a querela dos partidos de esquerda, sobretudo o PT, com Geraldo Júnior. "O que está havendo é desencontro de timing. Ele antecipou a campanha como antes ninguém tinha visto. Chegou virado nos 220v e o pessoal estranhou, principalmente os mais velhos, como Rui, Otto e Wagner. Depois do dia 5 o pau come", apostou. Com o desencontro de objetivos, segundo o apoiador do emedebista, o prefeiturável agora está ocupado na "arrumação dos partidos". Ainda assim, vereadores e aspirantes à Câmara questionam a formação das chapas proporcionais.

 

Desistir do que for dar errado?
 

O partido Novo de Salvador quebrou o protocolo e tem se comportado de forma bastante pragmática na tentativa de eleger seu primeiro vereador na Câmara Municipal de Salvador. Semana passada, em encontro estadual literalmente quente – o ar-condicionado pifou –, na sede da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), a candidatura de Luciana Buck a prefeita foi mantida. No entanto, a direção da sigla mantém as tratativas para retirar o nome da professora universitária e apoiar a reeleição de Bruno Reis (União Brasil). O prefeito promete ajudar na nominata da legenda e o acordo deve sair ainda na primeira quinzena do próximo mês.
 

Mas eu quem será?
 

Se a vereadora Roberta Caires dava como certa a sua continuidade no PP – com exaltação inclusive à expectativa de recorde no crescimento da bancada –, a sua permanência no partido é dada como nula. A sigla está inchada com a permanência de George Gordinho da Favela, Sandro Bahiense, Maurício Trindade e Leandro Guerrilha. Além do radialista Jorge Araújo, que surpreendeu na eleição de 2022, quando obteve a suplência da sigla na Câmara dos Deputados, e será candidato ao Legislativo soteropolitano. Agora, Roberta diz em reservado aos seus pares que não tem "desejo pessoal" e que está "fazendo conta". O fato é que ela sofreu muita desidratação por antigos apoiadores serem candidatos e o seu padrinho político ACM Neto (UB) em 2020 praticamente abandonou a eleição proporcional este ano.
 

Deixa tudo assim

 

Ex-deputado estadual e ex-comandante da Câmara Municipal de Salvador, o atual assessor da presidência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Paulo Câmara (PSDB), deve permanecer no cargo federal. Em entrevista ao Blog do Vila, o tucano não confirmou que não será candidato nas eleições deste ano, mas admitiu a tendência de ficar fora do pleito. "Olha, eu não tomei essa decisão ainda. Estou avaliando. Tenho uma audiência marcada com o prefeito Bruno Reis para discutir esse assunto. Vou ouvir o deputado Adolfo Viana, ouvir o deputado Elmar Nascimento e meus pares. Não descarto, mas não é o meu desejo. Estou muito bem em Brasília hoje, feliz com o que estou fazendo. Mas hoje eu perteço a um grupo que tem que ouvir o que é melhor para todos nós. Então, essa decisão será tomada até o final do mês", disse Câmara. Nos bastidores, o nome do ex-vereador era colocado como uma das possibilidades do PSDB para compor a chapa proporcional na eleição de outubro.
 


Foto: Evilásio Júnior


O acaso é amigo
 

Como antecipado pelo Blog do Vila, só falta a assinatura na ficha de filiação para o coronel Humberto Sturaro, coordenador da Prefeitura-Bairro do Centro Histórico, e Rodrigo "Horroroso" Amaral, ligado ao empresário do setor imobiliário Carlos Suarez, ingressarem oficialmente no PSDB. Ambos participaram do evento do presidente nacional do partido, Marconi Perillo, com lideranças tucanas, na semana passada, em Salvador. O militar, inclusive, apareceu com claque uniformizada com a logo "amigos de Sturaro" e tudo. Surpreendente mesmo para muitos integrantes da sigla foi a presença do vereador Sidninho, que segue em litígio com o Podemos. O trio foi convidado pelo presidente da Câmara, Carlos Muniz, e só uma reviravolta inesperada para não vestir 45 ou 23 na eleição de outubro.
 


Foto: Evilásio Júnior


Galinha livre x imprensa no galinheiro
 

Além da absurda proibição para os jornalistas frequentarem a área do "cafezinho" na Assembleia Legislativa da Bahia, onde deputados e repórteres tradicionalmente mantinham frutíferos bate-papos, a tribuna de imprensa da Casa virou um verdadeiro setor de confinamento. Lista na porta, profissionais barrados, seguranças com amnésia, conferência de "cara e crachá" a cada entrada e saída, falta de assentos e acotovelamento geral em dias de sessões concorridas. Se a medida foi adotada com celeridade para "preservar" a privacidade dos parlamentares devido à explosão de sites e blogs, apenas a exigência de DRT – como corretamente passou a ser feita – já não restringe o ingresso de não profissionais? A mesma rapidez para confinar os jornalistas no galinheiro não é vista na Alba para instalar o Código de Ética que poderá cassar o mandato do deputado Binho Galinha, que só está solto em função do foro privilegiado mantido pelo corporativismo de seus pares. O presidente Adolfo Menezes lançou o milho para as bancadas de governo e oposição. Ciscando, Alan Sanches indicou seus representantes. Rosemberg Pinto, por sua vez, faz jus ao nome e continua a dar asas à ave investigada pela Polícia Federal.