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Otto se diz contra 'imposto do pecado', nega 'ambição' em presidir Senado, mas admite 'cumprir missão' se for escolhido
Otto se diz contra 'imposto do pecado', nega 'ambição' em presidir Senado, mas admite 'cumprir missão' se for escolhido
"Aumentar o preço da cachacinha que a gente toma lá na Chapada Diamantina, para quê? É uma coisa do fim de semana, da alegria do povo brasileiro", considerou o líder do PSD no Senado, em entrevista ao programa Fora do Plenário, da Rádio Salvador FM, ao defender o aumento exclusivamente para bebidas importadas destinadas ao público de alto poder aquisitivo
Por Evilásio Júnior
26/04/2024 às 06:00
Atualizado em 26/04/2024 às 06:00
Foto: Reprodução / YouTube
O imposto seletivo previsto no Projeto de Lei Complementar (PLC) enviado nesta quarta-feira (24) pelo Palácio do Planalto ao Congresso Nacional será o principal ponto de divergências na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Tributária, na avaliação do líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA).
Conforme a medida, será aumentada a tributação de cigarros, bebidas alcoólicas e açucaradas, veículos poluentes e extração de minério de ferro, de petróleo e de gás natural, a fim de desestimular o consumo de itens que fazem mal à saúde e ao meio ambiente.
Entre os pontos positivos, no entendimento do parlamentar, estão a instituição de cashback para famílias pobres, redução e até mesmo isenção de impostos para itens da cesta básica e medicamentos, além de decontos de 60% nos serviços privados de saúde e educação.
"Eu acho que era mais ou menos o que se esperava. [...] Acho que faz justiça à questão dos itens da cesta básica e também ao cashback, que é a devolução para aquelas famílias que têm uma renda menor do que meio salário mínimo. Agora, lá atrás, ainda na PEC, eu achei que o outro imposto, chamado do pecado, não deveria existir, porque fizemos a fusão de quatro impostos para dois e agora vem um terceiro. Então, ficou 4 a 3. Sou daqueles que achavam que a simplificação não merecia outro imposto. E esse imposto sobre o cigarro, bebidas alcóolicas, açucaradas e também da extração mineral tem que ser muito debatido e questionado, tanto na Câmara quanto no Senado Federal. Isso certamente vai merecer um debate muito profundo", considerou o congressista, em entrevista ao programa Fora do Plenário, da Rádio Salvador FM.
Em relação ao tabaco, por exemplo, Otto apoia a crítica do setor fumageiro do país por acreditar que o aumento no imposto pode estimular o contrabando. "Quanto mais você aumenta o imposto do cigarro no Brasil, mais vem cigarro do Paraguai, contrabandeado pela fronteira. Aumentar imposto significa que ou você vai aumentar a sonegação ou a chegada de produtos vindos de fora, pela minha experiência. Na minha opinião, não vai resolver o problema", opinou.
O senador também criticou a elevação tributária sobre "a cervejinha", "a coca com gelo e limão" e até mesmo a "pinga". Ele acredita que o tributo pode comprometer "a diversão do brasileiro". "Aumentar o preço da cachacinha que a gente toma lá na Chapada Diamantina, para quê? É uma coisa do fim de semana, da alegria do povo brasileiro", considerou, ao defender o aumento exclusivamente para bebidas importadas destinadas ao público de alto poder aquisitivo.
O PLC será primeiramente analisado na Câmara para depois seguir ao Senado. A conclusão da matéria será feita pelos deputados. De acordo com Otto, apesar da complexidade do tema e do ano eleitoral, a promessa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de aprovar o projeto até o fim do ano, deverá ser cumprida. "Acho que dá para esse ano a gente concluir. Não é porque vai ter eleição que a gente vai deixar de discutir no Senado", pontuou.
Otto Alencar previu ainda para a próxima terça (30) as votações do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e do retorno do seguro de Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres (DPVAT). Após adiamento, segundo ele, a apreciação dos 32 vetos do presidente Lula ficará para 8 de maio.
Presidência do Senado
Esta semana, o líder do PSD no Senado teve o nome cogitado à sucessão de Pacheco na presidência da Casa. No entanto, caso a candidatura se confirme, está praticamente anulada a chance de o seu correligionário baiano Antônio Brito disputar o comando da Câmara dos Deputados. Otto nega ter a intenção de concorrer, mas não descarta assumir o posto, caso seja indicado pelos seus pares.
"Só se toma decisão na política quando o momento exige. Está muito cedo ainda. Vamos ter eleição municipal em outubro. O Brito está com a candidatura dele colocada pelo PSD e eu espero que ele tenha sucesso. No Senado Federal eu tenho uma relação muito boa, firme e respeitosa. Pela relação que eu tenho no Senado, o meu nome é sempre lembrado, mas eu sou daqueles que esperam a hora certa. Não tenho essa ambição, mas se recebo uma missão eu busco cumprir com perfeição. Mas o Brito está colocado e eu espero que seja mais para ele do que para mim, porque eu gostaria de ver um negro comandando a Câmara dos Deputados", salientou.
A eleição para os presidentes da Câmara e do Senado está prevista para janeiro de 2025.
Confira a entrevista na íntegra: